Dois Córregos


Dados gerais

Distância da capital: 288 Km

Padroeiro(a): Divino Espírito Santo
Fundação: 1874

Classificação:
Região Administrativa: Bauru
Região de Governo: Jaú

Adjetivo Gentílico: Doiscorreguense

Área: 599 km2
Altitude: 800 m mm
Latitude: 23º41’10
Longitude: 46º37’25

 

Histórico

A cidade

A Expedição de José Alves Mira

José Alves Mira nasceu em 1808, natural de Campanha, em Minas Gerais, de onde saiu com seu seu pequeno comboio de Ouro Fino em direção ao centro-oeste de São Paulo em busca de novas terras.

Junto com ele, veio seu irmão Luiz Mira e seu filho mais velho, João Alves de Mira e Mello. Com ele veio seu irmão Luiz de Mira e seu filho mais velho João Alves de Mira e Mello. Traziam mantimentos, principalmente, sal e toucinho, além das ferramentas e as armas para proteção pessoal. Um aspecto curioso desses comboios é que havia burros com dois enormes jacás presos em seus lombos, aonde vinham às crianças e os idosos.

José Alves Mira chegou ao distrito de Brotas por volta de 1846. Nessa época os comboios já contavam com trilhas batidas para caminhar. Os mapas indicavam o planalto ocidental paulista em grande parte, como “zona desconhecida”, quando sequer Bauru existia. Desse modo, José Alves Mira sabia que aqui teria terras disponíveis e certamente chegou informado sobre as condições da região. Passando pelo povoado de Brotas, seguiu até atingir as terras da Queixada, um dos bairros do futuro município de Dois Córregos, instalando-se nas imediações.

 

As condições de vida da região e a fundação da capela de “Dois Córregos”

Sendo os primeiros habitantes de nossa região provenientes do Sul de minas, podemos afirmar que os costumes mineiros prevaleciam. Desse modo, a criação de gado, gênero suíno e a fabricação de queijo eram atividades indispensáveis, sem contar a plantação de arroz, feijão, café, fumo, milho e algodão.

As mulheres, desde meninas, tinham de aprender a manejar o tear, não apenas na preparação do enxoval, mas para vestir os membros da família. Colhia-se o algodão para que a roupa fosse feita, a coloração era dada a partir da tinta anil vinda dos distantes centros de comércio, das sementes vermelhas do urucum à disposição, além do branco natural, quase sempre alvejado com a utilização do anil em contato com a água. Mas se a circunstância exigisse a cor preta do luto, o próprio carvão vegetal solucionaria o problema.

A chegada de novos comboios (mineiros em busca das terras periféricas) e o conseqüente aumento da população tornou necessário a construção de uma capela, principalmente porque a capela de Brotas ficava muito distante, tendo nada menos que o rio Jacaré – Pepira e a serra de Brotas como obstáculo. Conforme depoimentos, José Alves Mira soltou um carro de boi carregado de madeiras, na descida da estrada do Prata, acima da margem direita do rio do Quinca, com a condição de construir a capela no local onde o carro de boi parasse. O carro de boi parou atrás do local onde hoje se ergue a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo. E em 4 de Fevereiro de 1856 foi inaugurada a capela, feita de barro e coberta de sapé. Foram, depois, esquadrados os quarteirões para o início da povoação urbana.

Em 1856 José Alves Mira e Mariano Lopes, proprietários da Fazenda Rio do Peixe, resolveram doar vinte alqueires de terra da mencionada fazenda sob a invocação de Divino Espírito Santo, onde se constituiria no local a cidade de Dois Córregos.

 

Elevação à freguesia

De acordo com o Almanaque editado pela Tipografia Americana, de São Paulo, em 1873, “A Freguesia dos Dois Córregos” pertence ao município de Brotas. Foi criada a freguesia em 28 de Março de 1865. Distante 255,5 quilômetros da capital do estado; 22,2 quilômetros de Brotas; 72,2 quilômetros de Araraquara; 33,3 quilômetros de Belém do Descalvado; 22,2 quilômetros de Jaú e 27,7 quilômetros de Jaboticabal.

Através dessa Lei nº. 29, de 28 de Março de 1865, de que fala o Almanaque, “Dois Córregos” passou a Distrito de Paz, sujeito ao Distrito de Paz de Brotas, onde era a sede do município, ambos sob a jurisdição da comarca de São João do Rio Claro.

A paróquia de “Dois Córregos” foi reconhecida canonicamente em 14 de Dezembro de 1866 e o primeiro vigário foi o padre Celestino de Alcântara Pacheco. Com sua chegada, ficou constituído o Curato, e este padre permaneceu no posto até 26 de julho de 1868.

 

Navegação comercial dos rios Tietê e Piracicaba

Nessa época de Freguesia, teve início a navegação comercial dos rios Tietê e Piracicaba. Com o passar do tempo, Dois Córregos chegou a ter três portos em funcionamento, sendo dois no Tietê e um no Piracicaba. A empresa autorizada a explorar esse trecho foi a Companhia Fluvial Paulista, através do Decreto Imperial nº. 5.405, de 17 de setembro de 1873. Em 1886 a Companhia Ytuana comprou os direitos da Companhia Fluvial Paulista, bem como todos os bens e imóveis da mesma. No ano de 1905 expirou o contrato de exploração, quando os interesses da navegação já haviam terminados, devido à chegada da estrada de ferro.

 

Elevação a Município

Através do Decreto Providencial nº. 43, no artigo referente a Dois Córregos: -Artigo 2º. “Fica Igualmente elevada á categoria de Vila a freguesia dos Dois Córregos, município de Brotas”. Por meio dessa lei, Dois Córregos foi considerado município desmembrado do de Brotas, ficando sob a jurisdição da cidade de Rio Claro. Essa elevação permitiu a Dois Córregos ter um Juiz Municipal, Delegado de Polícia e Câmara Municipal.

 

A Chegada da estrada de ferro e o primeiro jornal

A estação de Dois Córregos, construída pela Companhia Rio Claro, foi inaugurada em 7 de setembro de 1886, com seu prédio iniciando, na hoje, Av. Joaquim Pereira. Esse prédio prolongava-se até a atual estação, sendo que esta foi construída pela Companhia Paulista, em 1912.

Com a chegada dos trilhos, a navegação comercial através do rio Tietê foi praticamente abandonada, abrindo-se então intercâmbios mais freqüentes com os municípios vizinhos servidos pela via férrea e com a própria capital. Os trens tinham máquina a vapor, movidas pelo carvão mineral importado da Inglaterra. Uma viagem até São Paulo demorava cerca de 11 horas. A estrada de ferro propiciou a fundação do primeiro jornal da cidade em 1886, que se chamava “O correio de Dois Córregos”.

 

Os italianos em Dois Córregos

A inauguração da estrada de ferro e a conseqüente expansão da lavoura do café provocaram uma grande afluência de colonos de origem italiana. A presença desses imigrantes exerceria grande influência no sotaque do povo da região e em suas formas de expressão corporal.

Devido ao grande número de italianos presentes nessa região, acabou se instalando em Dois Córregos a Agência Consular da Itália, dando origem, mais tarde, ao único clube social a reunir imigrantes e seus descendentes, na história de Dois Córregos, a “Sociedade Italiana de Mútuos Socorros XX de Setembro”. Foi fundada em de 22 de janeiro de 1900 com sua sede localizada na Av. D. Pedro I, nº. 339, onde hoje está o Clube Recreativo.

 

Iluminação Pública

Na sessão da Câmara Municipal de 30 de Maio de 1889 foram apresentadas três propostas para a iluminação pública, sendo que a proposta vencedora foi a do italiano Paulo Mantini Paulini. Com a instalação dos postes, durante o anoitecer, o zelador passava a cavalo acendendo os lampiões. Nove anos depois Dois Córregos já possuía 72 combustores e essa iluminação á querosene seria utilizado até 18 de agosto de 1907, quando então foi inaugurado o sistema de iluminação de acetileno (lampiões a gás). A energia elétrica somente viria em 2 de abril de 1911.

 

A Igreja de São Benedito

A capela foi construída com simplicidade em 29 de maio de 1927. A igreja de São Benedito, como a conhecemos atualmente, só seria construída em 1932, no mesmo local onde se erguia a capela pela Irmandade de São Benedito. Os festejos comemorativos da inauguração da igreja, em 24 de Abril de 1932, contaram com a presença do bispo Dom José Marcondes Homem de Mello, que aproveitou e foi a Mineiros do Tietê, onde era reconstruída, de alvenaria, a Igreja matriz daquele município.

Capela de São Benedito em Dois Córregos – SP. Construção realizada na gestão do Pe. Eloy Tutor del Pozo, 1919

 

Retrato do fim do século XIX e início do XX

Até o ano de 1888 as ruas da cidade não tinham nome oficial. Somente em sessão na Câmara realizada em 3 de abril daquele ano tal situação foi modificada, como por exemplo, a nomeação da Rua do Comércio, hoje, Rua 15 de Novembro.

O cavalo era o único meio de individual de transporte à disposição, por isso todos os bares e empórios tinham em frente pelo menos um palanque para as montarias serem amarradas.

Um fato triste que se vem a notar é que os rios possuíam um volume de água bem maior que o que se encontra hoje. O Ribeirão do Peixe, por exemplo, era profundo e tinha uma grande abundância de peixes, mas infelizmente o desmatamento paulatino de sua cabeceira e margens, ocorrido durante o século XX, provocou o assoreamento de seu leito.

Mas Dois Córregos, nessa última década do século XIX, era considerada uma das cidades mais promissoras do Leste Paulista. Foi quando surgiu o jornal “O Combate”, fundado em 9 de Maio de 1897. A redação e escritório do jornal ficavam em uma das esquinas da atual Rua 13 de Maio com a Av. Fernando Costa. Essa foi talvez a época áurea do jornalismo doiscorreguense, pois a impressa tipográfica do município jamais conseguiria, em outras épocas, o apuro técnico de “O Combate”, cujos exemplares pareciam aspirar obras de arte.

Sendo vendido nas cidades vizinhas, bem como na capital do estado. Tem-se notícia de que em Rio Claro, seus exemplares se esgotavam rapidamente. Deduz-se que esse jornal era impresso usando-se a oficina desativada do extinto jornal “Dois Córregos”.

Durante a epidemia de febre amarela, em 1896 e 1897, os cofres municipais estavam esgotados, mesmo assim houve a construção do chiqueiro de porcos no matadouro de Mineiros. Com a ajuda de Dois Córregos, Mineiros conseguiu sua emancipação e, em 1898 já havia se tornado um município; com isso, foi feito um recenseamento em Dois Córregos, foi descoberta uma triste marca: apenas 1823 pessoas alfabetizadas na população de 8985 habitantes. A educação passaria a ser uma preocupação prioritária, para que em 1902, fosse decretado o ensino obrigatório no município. Dois Córregos a primeira cidade do interior a ter uma escola maternal. Nesse mesmo ano teve início um curso noturno para alfabetização de adultos.

A primeira sessão de cinema ocorreu em 25 de setembro de 1902. Nesse mesmo ano o Dr. Horácio Sodré e Luiz Teixeira de Almeida Barros conseguiram uma licença para o estabelecimento de uma linha telefônica ligando os municípios de Dois Córregos, Jaú, Bariri, São João da Bocaina e Pederneiras.

O Grupo Escolar foi inaugurado em 3 de abril de 1910. No mesmo ano, Dois Córregos pode contar com o serviço de água e esgoto, muito embora a qualidade da água não fosse boa e a figura do agüeiro tivesse de permanecer durante muitos anos, vendendo água de mina às famílias.

A Santa Casa de Misericórdia foi fundada em 25 de setembro de 1911. As obras da atual estação ferroviária terminaram em 1912, sendo uma cópia fiel da estação de Marselha, na França.

Em 21 de julho de 1929 foi franqueada a primeira biblioteca pública de Dois Córregos, que funcionava no prédio do Grupo Escolar Francisco Simões.

O Ginásio Estadual, oferecendo um curso escolar de 2º grau, foi fundado em 29 de maio de 1946, inicialmente localizado na atual prefeitura, e depois transferido para o prédio que funciona até hoje.

 

Mais informações acesse:

http://pmdoiscorregos.conexaosegura.net